🧠 #7: Mostre, não me fale!
Sobre como "implantar" ideias na mente das pessoas - sem manipulação, claro!
📬 Leia também as edições anteriores:
News #5: Eles sabem algo que eu não sei.
News #6: O perigo do design lindo e do texto "meia-boca"
Você assistiu ao filme "A Origem"?
Se não viu, recomendo. É um dos filmes mais intrigantes já feito - e ele não é novo, foi lançado em 2010.
Numa das cenas, o personagem principal - Dom Cobb, vivido por Leonardo DiCaprio - diz assim:
“Uma vez que uma ideia se apossa do cérebro, é quase impossível erradicá-la”.
Na história, Cobb é um ladrão sofisticado que tem a habilidade de implantar e extrair ideias no subconsciente das pessoas, usando uma "máquina de invadir sonhos".
Corta para a vida real. Será que existe uma forma de convencer alguém de uma ideia enquanto estamos acordados mesmo?
Tem sim! E é uma técnica antiga conhecida por Show, don’t tell me (Me mostre, não me fale).
Para entender, vamos fazer um exercício simples: pense no número 6.
Pensou?
Talvez você tenha visualizado a grafia do número 6. Ou uma linha numérica em que o 6 está entre o 5 e o 7.
O fato é que só uma resposta vai aparecer na sua mente e não vai despertar nenhuma emoção. Afinal, números não carregam significados como as palavras.
Mas se eu te digo assim:
6 elefantes estão escalando o monte Everest enquanto dançam Macarena.
Você visualizou alguma cena?
Aposto que sim e ela ainda provocou alguma reação em você: surpresa, curiosidade, desconfiança…
Isso aconteceu porque eu mostrei a você uma ideia ao invés de dizê-la. Apliquei a técnica Show, don't tell me.
E como isso funciona?
É só aplicar emoção e ativar a criatividade.
Sempre que quiser passar uma ideia num texto ou numa conversa, pense na emoção que você quer gerar. Daí, escolha as palavras que vão fazer essa emoção brilhar.
A história dos elefantes escalando o Everest provoca, no mínimo, estranheza, não é?
Depois, pense em ações e não só em explicações objetivas para expressar uma ideia.
Por exemplo, ao invés de dizer que algo é muito difícil de entender, por que não dizer que espremeu o cérebro e não saiu nada?
Em vez de falar que alguém está alegre, por que não dizer que a pessoa estava rindo de orelha a orelha?
E se trocar a frase "ela estava com medo" por "o coração dela quase saiu pela boca"?
Sem perceber, a pessoa não apenas ouve ou lê, mas vê a situação. Ela vai se lembrar talvez para sempre porque sentiu algo, viveu uma emoção através da escolha das palavras.
E você pode usar essa técnica na sua comunicação de marca.
"Ah, então quer dizer que minha comunicação tem de virar um romance literário?", você pode me perguntar.
Não. Quer dizer que usar uma técnica que faça a pessoa experienciar um conceito surte mais efeito do que só dizer, simplesmente.
Voltando ao filme, a gente pode aprender essa com Cobb: depois que uma ideia entra na mente de alguém, é quase impossível arrancá-la de lá!